Oito pagantes marcaram presença e "lotaram" as dependências do Gigante do Vale.
No Gigante do Vale, Estádio do XV de Outubro de Indaial, o jogaço alternativo entre Maga e Jaraguá, pela Divisão de Acesso, a terceira divisão do futebol catarinense, me chamou mais a atenção do que qualquer outra coisa.
O resultado, sinceramente, foi o que menos importou. A graça e a nostalgia de ver um jogo que ninguém tem vontade de ver é o mais empolgante - mesmo com o calor insuportável que estava na cidade de Indaial, conhecida, coincidentemente, ou não, como a mais quente de Santa Catarina.
Antes da bola rolar, os 22 jogadores mais o trio de arbitragem se enfileiraram no meio do campo, para cantar o Hino Nacional que saía de um Corsa, talvez ano 97 ou 98. O primeiro gol só foi sair de pênalti, aos 24 minutos do segundo tempo. Cobrado e convertido pelo zagueiro Ricardo - do Jaraguá, claro.
Jogadores do Maga e Jaraguá, mais o trio de arbitragem, na execução do Hino Nacional Brasileiro.
Mas a graça, graça mesmo, não estava dentro do campo - até porque o resultado a gente já até imaginava -, mas sim fora. Conversei com um dos gandulas do jogo (sim, o jogo tinha gandulas!) e ele falou dos seus sonhos, da sua vida. Ele tem 13 anos, veio do Mato Grosso do Sul, deixou seus pais longe e veio morar em Pomerode em busca de ser jogador de futebol.
"A gente torce 'pros cara' lá de fora ver a gente jogar pra levar a gente pra fazer teste na Europa. É meu sonho".
E quando perguntado sobre o porquê de estar no jogo do Maga, a resposta foi imediata.
"Venha pra cá junto com os moleques pra ganhar 'vintão' (R$20). Não vou trabalhar de graça, né? (risos)"
Ao fim do primeiro tempo, mais precisamente aos 42 minutos, o Maga teve a sua primeira chance. Uma bola rolada pra traz e arrematada pro gol pelo camisa número 11, Maicon. Ao som de palmas dos quase 10 torcedores presentes no Gigante do Vale, os gandulas ironizaram.
"Pô, quase não tem chance. Quando tem, tem que aproveitar".
Falha do goleiro Eduardo, que rebateu a bola para o terceiro gol do Jaraguá.
No retorno para o segundo tempo algumas situações alternativas: a primeira é a saída do lateral-esquerdo Magaiver para a entrada de Luciano. O outro detalhe, é que o reinício de jogo atrasou pois Yago, meio-campo da equipe, precisou fazer suas necessidades. Pra se ter ideia, o jogador entrou em campo colocando a camisa e quase a rasgou. Aí entoou do banco de reservas, partindo de um dirigente do clube:
"Se tiver rasgado a camisa, vai ser descontado do bicho".
A segunda etapa ainda teve um jogador do Maga recebendo uma cotovelada, deixando o campo, indo fazer xixi e voltando sem autorização da arbitragem. Nada de amarelo para o jogador. Aliás, falando nisso, nenhum cartão foi levantado durante todos os 90 minutos de jogo.
Quando a partida já estava 5 a 0 para o Jaraguá, comecei a conversar com o quarto árbitro da partida, Jackson Renato. Papo vai, papo vem, me lembrei do primeiro jogo que assisti na história do Maga. Foi no dia 12 de setembro de 2009 - quase três anos atrás -, no Estádio Jorge Hardt. Vitória do Operário de Mafra por 8 a 1 e comentei a Jackson, que na ocasião foi o árbitro da partida, do primeiro gol oficial da história do Maga, que tive o prazer de filmar. Ele contou "bastidores" daquele pênalti.
"Eu marquei o pênalti e o cara do Operário perguntou pra mim se eu queria entrar na história do Maga. Eu respondi que quem estava entrando na história era ele, por ter cometido aquela falta dentro da área". A penalidade foi convertida por Cabelo, aos 27 do primeiro tempo.
Fabiano (E) cobra falta. Lateral-direito foi um dos responsáveis pela ampla vitória do clube jaraguaense.
Pouco antes do apito final ainda conversei com o técnico do Maga, Rildo, que já teve passagens por clubes como Anápolis (GO) e Metropolitano. Ele foi "sincero" ao falar sobre o seu cargo dentro do clube.
"Não sou treinador do Maga, tem que se deixar bem claro isso. Sou treinador dos guris de 14 anos em Pomerode. Aqui eu só venho pra ajudar o Lúcio (presidente) e assinar a súmula", afirmou.
Ficha Técnica:
Associação Maga Esporte Clube 0x5 Sport Club Jaraguá;
Estádio Gigante do Vale - Indaial - SC;
Público - 8 pagantes;
Renda - R$70,00;
Maga - Eduardo, Felipe, Carlo, Ramos, Magaiver (Luciano), Antonello, Salvio, Yago, Alisson (Rodrigo Reis), Selvino (Jozemar) e Maicon.
Jaraguá - Otávio, Fabiano, Rodrigo, Ricardo (Eduardo), Adriel, Jeferson, Rafael Pereira, Wilhiam, Carlos, Jonata (Batata) e Thiago Santos.
Cartões Amarelos - Nenhum;
Cartões Vermelhos - Nenhum;
Gols - Ricardo, Thiago (2), Jeferson e Rafael Pereira (Jaraguá.
Vídeo motivacional aos jogadores do Maga, feito em 2009. Ali há a filmagem do primeiro gol oficial da história do clube, marcado por Cabelo, de pênalti. Na ocasião, o jogo foi no Estádio Jorge Hardt, o "Campo da Cohab" e o Magão perdeu para o Operário de Mafra por 8 a 1.
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